Desafios, avanços e o que você precisa saber – Post 1
A tuberculose (TB) é uma doença antiga, mas ainda está entre os maiores desafios da saúde pública no mundo. Ela é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis — o famoso bacilo de Koch — e atinge principalmente os pulmões, embora possa afetar vários outros órgãos do corpo.
No Brasil, o cenário continua preocupante. Em 2024, foram registrados cerca de 84 mil novos casos de tuberculose, o que corresponde a uma taxa de aproximadamente 39,7 casos por 100 mil habitantes. Houve uma pequena queda em relação a 2023, mas o número de mortes aumentou, com mais de 6 mil óbitos registrados em 2023, mostrando que a doença ainda ameaça muitas vidas.
A TB é transmitida pelo ar, por gotículas muito pequenas liberadas quando uma pessoa com tuberculose pulmonar tosse, fala ou espirra. Essas partículas podem ficar suspensas por bastante tempo em ambientes fechados e mal ventilados, facilitando o contágio.
Não existe transmissão por copos, talheres, roupas ou objetos pessoais. Uma pessoa doente, sem tratamento, pode infectar de 10 a 15 pessoas por ano. Depois de cerca de duas semanas de tratamento feito corretamente, o risco de transmissão cai bastante.
A forma pulmonar é a mais comum e a única que realmente transmite a doença para outras pessoas. Ela costuma causar tosse por mais de três semanas, febre baixa, suor noturno, perda de peso e, às vezes, sangue no escarro.
A TB também pode atingir outros órgãos, nas chamadas formas extrapulmonares, como:
Pleural: acúmulo de líquido ao redor dos pulmões
Ganglionar: aumento de gânglios, comum em crianças e pessoas com HIV
Osteoarticular: acomete ossos e articulações, como a coluna (mal de Pott)
Meníngea: inflama as meninges, sendo a forma mais grave, com risco de sequelas neurológicas
Geniturinária, pericárdica, abdominal e cutânea: atingem rins, coração, abdome ou pele
Miliar: forma disseminada pelo sangue, grave e com alto risco de morte
Existe também a infecção latente (ILTB), quando a pessoa está infectada, mas não tem sintomas nem transmite. Em torno de 5% a 10% dos infectados podem desenvolver a doença ativa ao longo da vida, principalmente quem tem imunidade baixa, diabetes ou desnutrição.
O diagnóstico começa com a suspeita: tosse por três semanas ou mais é sempre um sinal de alerta. A partir daí, o serviço de saúde pode pedir:
Baciloscopia do escarro (BAAR): exame simples e rápido
Cultura de escarro: confirma o diagnóstico e detecta resistência, mas demora mais
Teste Rápido Molecular (TRM-TB): identifica o DNA da bactéria e resistência à rifampicina em poucas horas
Radiografia ou tomografia de tórax: mostram lesões típicas de TB
Nem sempre o bacilo aparece no escarro, principalmente em formas extrapulmonares ou em pessoas que não conseguem produzir secreção. Nesses casos, podem ser necessários exames invasivos, como:
Broncoscopia com lavado broncoalveolar (LBA/BAL): coleta material diretamente dos brônquios para análise
Biópsia pulmonar ou pleural: retira um pequeno fragmento de tecido para estudo
Toracocentese: retira líquido pleural para análise, incluindo dosagem de ADA
Punção de linfonodos e EBUS: coleta material de gânglios aumentados dentro do tórax
Esses exames são feitos em ambiente hospitalar e ajudam a fechar o diagnóstico em casos mais difíceis, principalmente nas formas não transmissíveis.